Luna Cafeteria: quando o café vira propósito
Por trás de cada xícara servida, há uma história, e ela começa muito antes da cafeteria abrir as portas.
A história de Camila Furlin, criadora da Luna Cafeteria, é um relato sobre propósito, herança familiar e coragem para reinventar um negócio tradicional.
Filha de uma das empreendedoras mais consolidadas do ramo de cafeterias em Boa Vista, Camila cresceu entre o som das xícaras e o aroma do café torrado. E, mesmo sem perceber, foi aprendendo a essência do trabalho feito com amor.
“Eu já nasci numa família de empreendedores, especialmente no ramo de cafeterias”, conta. “Desde que eu me entendo por gente, eu tô dentro de um negócio, vendo minha mãe trabalhando, batalhando. E desde os meus 15 anos eu tô envolvida com isso.”
Um nome, um conceito

O nome Luna nasceu de forma estratégica, uma palavra simples, feminina e carregada de simbologia. Ele traduz o jeito de ser da marca: delicado, inspirador e fácil de lembrar.
“Todo mundo pensa que eu sou a Luna”, brinca Camila. “Tem gente que me chama de Dona Luna até hoje! Mas foi mais uma estratégia de marketing mesmo. Procurando um nome feminino, curto, que fosse fácil de decorar, fácil das pessoas entenderem. E aí dentro disso, a gente traz alguns elementos da lua, que tem um pouco a ver com o que eu acredito.”
A escolha do nome mostra o cuidado com os detalhes e o olhar apurado para o branding, algo que reflete no ambiente da cafeteria. Lá, a iluminação é suave, os tons são naturais e cada elemento visual comunica calma e acolhimento.
A Luna nasceu de um desejo claro: fazer o café ser o protagonista, não o coadjuvante.
O despertar para o café: da gestão à paixão

Apesar de ter crescido cercada por cafeterias, Camila confessa que o café, em si, não era uma paixão antiga. O interesse surgiu de forma prática, quase técnica, quando ela passou a lidar diretamente com a operação do negócio.
“Não é uma paixão que veio da infância, como todo mundo pensa. Foi realmente quando eu comecei a estudar o produto café. Como eu trabalhava na operação, eu precisava me especializar para entender bem o processo.”
O que começou como uma necessidade de gestão, virou encantamento. Ao estudar o produto, ela mergulhou no universo do café e descobriu o poder de transformação que existe dentro de cada grão.
“Conhecendo o produto melhor, eu vi que ele é fantástico, ele é infinito, ele é super curioso, ele traz muita coisa instigante, e acabei me apaixonando.”
Essa descoberta redefiniu a missão da Luna: mais do que vender bebidas, o propósito era educar o paladar, valorizar o produtor e resgatar o tempo da pausa, algo cada vez mais raro na rotina acelerada das cidades.
Delivery e resistência: o dilema do novo

Durante muito tempo, Camila resistiu à ideia de trabalhar com delivery. A Luna foi criada para oferecer uma experiência completa: o cheiro do café moído, o calor da xícara, o contato humano. Levar isso para fora da loja parecia impossível.
“Eu sempre fui muito relutante com delivery. Acho que passei dois anos sem trabalhar com delivery, porque acreditava muito na experiência do cliente no local. O meu produto precisava ser quentinho, feito na hora.”
Mas o tempo mostrou que era possível conciliar tradição e inovação. Quando conheceu o nosso sistema Pigz, plataforma local de delivery, Camila percebeu que o digital também podia preservar a essência artesanal da marca.
“A gente implantou o delivery já com o Pigz de cara, e só trabalhamos com eles. Mesmo sendo relutante, o Pigz veio facilitar isso pra mim.”
Hoje, o delivery é mais do que um canal de venda, é um elo entre o balcão da cafeteria e a casa dos clientes. A mesma experiência que existe na loja, agora chega até o sofá de quem pede.
Aprendizado e autenticidade: empreender com verdade
Com uma visão amadurecida pelo tempo e pela prática, Camila acredita que o segredo de qualquer negócio está na combinação entre preparo e autenticidade.
“A mensagem é se preparar, tentar estudar, tentar fazer cursos, se especializar no que você vai realmente vai empreender.”

Ela reforça que empreender não é sobre seguir tendências passageiras, mas sobre se conectar com aquilo que realmente faz sentido para você. Camila fala com propriedade sobre o mercado local, que cresce em ritmo acelerado, mas ainda enfrenta o desafio da diferenciação.
“Escolher uma área que você realmente goste, não só porque tá na moda, porque tá em alta. Hoje tem muito isso! Tem que ser alguma coisa que você se identifique, porque aí fica mais fácil de colocar amor, carinho, pra tentar se diferenciar. Pra não ser mais do mesmo.”
O conselho ecoa como uma lição de quem aprendeu na prática que a paixão é essencial, mas o conhecimento é o que sustenta a trajetória.
O legado em construção
A Luna Cafeteria é hoje uma das marcas mais queridas de Boa Vista. O ambiente acolhedor, a curadoria impecável de cafés e o atendimento atencioso transformaram o espaço em um refúgio para quem busca mais do que uma bebida, e busca uma experiência. Mas, para Camila, o sucesso vai muito além dos números.
“O café me ensinou a ter paciência, a entender processos. Me ensinou que tudo leva tempo. E que cada detalhe, da torra ao atendimento, conta uma história.”
A Luna, assim como seu nome, reflete fases, ciclos e renascimentos. E Camila conduz cada um deles com a serenidade de quem aprendeu a empreender. E, acima de tudo, um exercício diário de constância e amor pelo que faz.
A história de Camila Furlin, criadora da Luna Cafeteria, é um relato sobre propósito, herança familiar e coragem para reinventar um negócio tradicional.